sábado, maio 31, 2008

Um comentário oportuno a propósito dos Cursos Profissionais

"O que se está a fazer com os Cursos Profissionais é a maior burla, a par das "Novas Oportunidades", que já se cometeu em Portugal sobre sistema de ensino. Um profissional, por muito bom que seja, tem que ter conhecimentos que vão para além do saber ligar um disjuntor. Não pode aparecer na televisão a receber um diploma e de seguida não conseguir articular uma frase completa sem dizer meia dúzia de asneiras. Não pode ser um jovem que sabe que a nota mínima no curso é dez podendo, se o professor se estiver a fazer ao "excelente", ter vinte. A nossa produtividade é das piores da UE porque os trabalhadores não têm formação ou se a têm é de cursos dados em termos semelhantes aos Cursos Profissionais. Um empresário que esteja minimamente ligado ao ensino não aceita um jovem oriundo desse tipo de cursos pois sabe o que por lá se passa. Quando os aceita foi a cunha do grande amigo do Secretátio de Estado que lhe garantiu um subsídio qualquer para a sua empresa. Actualmente, em Portugal, não há qualquer verdade na formação dos jovens nem no acesso ao emprego. Os melhores, normalmente, não têm cunha".

Racir
Vila Real

Cursos profissionais vão abranger 50% dos alunos

"A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, anunciou mais 18 mil vagas em cursos profissionais do Secundário em 2008/09. Um crescimento de 60% num ano que, entre novos inscritos e alunos já a frequentarem estes cursos trienais (ver caixa), elevará para mais de 80 mil os estudantes do 10.º, 11.º e 12.º anos nestas vias. O Ministério fala em missão cumprida. Mas dois antigos governantes, ouvidos pelo DN, têm dúvidas sobre a qualidade da oferta.
"Serão mais de 48 mil alunos a entrar no 10.º ano para os cursos profissionais, portanto mais 18 mil lugares do que este ano", assinalou a ministra, num encontro com jornalistas . "Cumpre-se assim a meta de que metade dos alunos à entrada do secundário optam pelos cursos profissionais ou vocacionais".
"Os indicadores quantitativos são importantes, mas o mais importante é a qualidade", disse ao DN o ex-ministro da Educação José Veiga Simão. "A ambição de qualificar um milhão de portugueses é legítima, o objectivo de ter 50% dos alunos nestas vias também é correcto. Mas tem de se garantir a qualidade", advertiu.
"Que o balão não rebente"
Para José Canavarro, ex-secretário de Estado da Acção Educativa, "é evidentemente positivo que se consiga ficar perto dos 50/50 na oferta do secundário", mas subsistem ainda demasiados pontos de interrogação: "Esperemos que não seja um enorme balão de ar quente que rebenta a meio da subida".
De resto, apesar de a ministra ter citado medidas complementares, como programas de bolsas e estágios e a criação de uma plataforma para aproximar as escolas das empresas, os dois ex-governantes foram unânimes na consideração de que falta informação sobre aspectos como a aceitação dos cursos pelo mercado de trabalho, a qualidade dos professores recrutados e a formação por estes dada aos alunos: "O pior que nos pode acontecer é termos alunos diplomados de cursos sem qualidade", avisou Veiga Simão.
Após um período de estagnação, entre 1997 e 2004, com cerca de 30 mil inscritos, sobretudo em escolas privadas, o crescimento dos cursos profissionais foi rápido: em 2007/08, já abrangia cerca de 63 mil estudantes, um terço dos quais na rede pública. No próximo ano lectivo, em que assumirá 66% (12 700) das novas vagas, o Ministério da Educação já será o principal fornecedor desta oferta formativa".

Diário de Notícias

sexta-feira, maio 30, 2008

Os professores não têm emenda

As eleições para o Conselho Geral Transitório decorreram ontem na minha escola. Como era de prever, os professores participaram massivamente neste acto eleitoral votando na única lista concorrente. Custa a crer que a maioria deles se tenha "passeado" pelas ruas de Lisboa na manifestação de 8 de Março. Ou esqueceram-se dos motivos que os levaram à marcha de protesto, ou então sou levado a concluir que foram apenas pelo folclore e pelo convívio. Há dias que tenho vergonha de pertencer a uma classe que não se cansa de dar tiros nos pés. Ontem foi um desses dias.

quinta-feira, maio 29, 2008

O ciclo único, a pedagogia única e o poder único


As quotas de "excelente" e "muito bom"

"As escolas vão poder atribuir um máximo de 10% de classificações de "Excelente" e 25% de "Muito Bom" no âmbito da avaliação de desempenho dos professores, mas só se tiverem nota máxima na avaliação externa.
De acordo com uma proposta de despacho conjunto do Ministério das Finanças e da Educação a que a Lusa teve ontem acesso, apenas os agrupamentos ou escolas que obtiveram "Muito Bom" nos cinco domínios da avaliação externa poderão atribuir aquelas percentagens.
No extremo oposto, as escolas cujos resultados na avaliação externa sejam diferentes dos previstos no despacho, bem como as que não foram objecto de avaliação, poderão aplicar um máximo de 5 por cento de "Excelente" e 20 por cento de "Muito Bom", as percentagens mais baixas que estão previstas.
A Federação Nacional dos Professores garantiu de imediato que o despacho "jamais" terá o seu acordo, afirmando que este sistema põe em causa "o reconhecimento do mérito absoluto".

JN

terça-feira, maio 27, 2008

Livro apresenta medos dos professores

"Um livro lançado esta terça-feira, da autoria de uma professora, salienta que o nível salarial, a desmotivação escolar dos alunos e a indisciplina constituem os três maiores medos dos docentes em Portugal.
«Os medos dos professores... e só deles?», da autoria de Luísa Cristina Fernandes, faz uma análise dos principais medos dos professores em contexto escolar com base num estudo de campo com entrevistas informais a uma amostra de 208 docentes de vários níveis de ensino. Conforme refere a agência Lusa, a autora do livro apresenta, na sua tese, os sete principais medos dos professores: o salário, a desmotivação dos alunos, a indisciplina, a possibilidade de os professores virem a dar aulas muito longe de casa, o receio dos docentes de não saberem lidar com os alunos violentos, esgotamentos e a hipótese de mesmo professores no activo acabarem por assumir funções de outra índole que não pedagógica".

http://www.fabricadeconteudos.com

segunda-feira, maio 26, 2008

Escola de Joane já "fundiu" 1º e 2º ciclos e sem "transições bruscas"

Para o agrupamento de escolas Bernardino Machado, em Joane, o parecer do Conselho Nacional de Educação que sugere a fusão do 1º e 2º ciclo já vem tarde: ambos os ciclos trabalham em conjunto e os alunos dizem não sentir qualquer "transição brusca".
"Se no 5º ano os alunos têm Inglês e Educação Física como disciplinas curriculares porque é que não podem logo começar a ser avaliados no 1º ano", questiona Alfredo Lima, presidente do agrupamento de escolas Bernardino Machado, em Joane, Famalicão.
Alfredo Lima defende que as Actividades Extra-Curriculares, que as crianças frequentam logo que iniciam o percurso escolar, passem a ser curriculares.
"Os alunos do 1º ano já têm Inglês, Educação Física, Música e Estudo Acompanhado que são algumas das disciplinas que vão ter ao longo de toda a vida escolar", salientou o presidente do agrupamento.
O estudo apresentado terça-feira pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e que recomenda a fusão do 1º e do 2º ciclos (a antiga escola primária e o ciclo preparatório) para acabar com as "transições bruscas" entre os vários níveis de ensino surpreendeu alguns pais e professores pela "demora".
Com cerca de dois mil alunos, o agrupamento de escolas Bernardino Machado há muito que adoptou estratégias para que os estudantes não sintam as "transições bruscas" de que fala o estudo do Conselho Nacional de Educação.
No início do ano lectivo, todos os alunos entram para o 5º ano chegam à escola acompanhados pela professora ("São quase sempre mulheres", diz Alfredo Lima, presidente do agrupamento) que leccionou o 4º ano.
"As crianças são entregues ao novo director de turma pela professora que os acompanhou no ano anterior", frisou Alfredo Lima.
"Querem juntar a escola primária com o ciclo preparatório? Mas a escola já funciona assim", disse, admirado, André Rodrigues, aluno do 5º ano da Escola Básica 2º e 3º Ciclos Bernardino Machado, em Joane, Famalicão..
"Podem chamar-lhe o nome que quiserem, mas com as Actividades Extra-Curriculares (AEC) os alunos, desde entram na escola que começam logo a ter vários professores", referiu Sónia Pessoa, mãe de um aluno do 4º ano.
A mesma opinião tem Patrícia Carneiro, aluna do 5º ano da Escola Bernardino Machado.
"Tínhamos a professora que nos ensinava Matemática, Português e Estudo do Meio e depois tínhamos mais uma professora para o Estudo Acompanhado, outra para Educação Física, outra para Inglês e mais um para Educação Musical", frisou Patrícia que, antes de mudar para a actual escola, frequentava a EB 1 de Matinhos, em Pousada de Saramagos, também em Famalicão.
Agora com uma dúzia de disciplinas e dez professores, a estudante não vê qualquer diferença entre "estar numa escola ou estar em outra".
Marta Francisca, também aluna do 5º ano, guarda ainda o "horário da 4ª classe".
"Já tínhamos as disciplinas marcadas por horas e dias tal como temos agora que andamos no 2º ciclo", disse à Lusa.
A cada aluno do 5º ano é entregue um mapa da escola com a localização de todos os serviços, o nome dos funcionários, as tarefas que desempenham e informações úteis como por exemplo, como se deve comprar a senha para o almoço.
"Acho muito bem a proposta de juntar os dois ciclos num só desde que isso não implique haver menos docentes a leccionar e turmas maiores", salientou o presidente do Agrupamento de Escolas Bernardino Machado.
Com a junção do 1º e 2º ciclos, a "transição brusca" pode estar a ser adiada para o 3º ciclo.
"A passagem para o 3º ciclo (para o 9º ano) é a mais complicada de todas porque há mais professores, mais disciplinas e novos métodos de estudo", disse Alfredo Lima.
O "maior problema" na mudança do 1º para o 2º ciclo para Patrícia Carneiro aconteceu na primeira semana de aulas.
"Estávamos à espera da professora de Ciências para ter aulas e como não a conhecíamos, deixamo-nos ficar no recreio a brincar. Teve que ser a professora a vir cá fora chamar os alunos", recordou Patrícia.

Emília Monteiro, Agência Lusa

Nota: Afinal parece que nem os alunos se sentem traumatizados, nem os pais manifestam qualquer preocupação com a transição do 1º para o 2º ciclo. Só os "iluminados" do Conselho Nacional da Educação e da CONFAP é que conseguem ver problemas onde eles não existem. E depois ainda querem que a gente acredite na independência destas entidades.

domingo, maio 25, 2008

E assim se combate o insucesso escolar (II)

A Prova de Aferição de Língua Portuguesa do 6º ano foi uma autêntica brincadeira de crianças. Segundo Edviges Ferreira, vice-presidente da Associação de Professores de Português, "este exame foi tão simples que poderia ser realizado por um aluno do 4º ano". Não é caso para admiração. Esta é a estratégia encontrada pelo Ministério da Educação para camuflar o insucesso escolar e não tenhamos dúvidas que será continuada nos exames nacionais.

sexta-feira, maio 23, 2008

A formação contínua de professores

"É preciso estar ATENTO. Muito ATENTO…

A presente opinião vem a propósito da notícia do Jornal «O Público» publicada no dia 2 de Maio de 2008 com o título «Professores podem pedir até oito dias úteis por ano para formação» Curioso como a informação é reinterpretada e difundida em forma de notícia.

O jornal Público (para facilidade de análise comparativa, optei por colocar em minúsculas o que o jornal escreve, e em maiúsculas o que está escrito na Portaria 345/2008 de 30 de Abril) noticia:

«Os professores do ensino pré-escolar, básico e secundário podem pedir até oito dias úteis de dispensa por ano escolar para fazer formação, de acordo com uma portaria publicada hoje em Diário da República. "As dispensas podem ser concedidas até ao limite de cinco dias úteis seguidos ou oito interpolados por ano escolar", refere o diploma que regulamenta o regime jurídico da formação contínua de professores alterado no âmbito do Estatuto da Carreira Docente (ECD).» (cit. do Público)

O «diploma» tem escrito:

ARTIGO 2.º
FORMAÇÃO DE INICIATIVA DA ADMINISTRAÇÃO EDUCATIVA

1 — AS DISPENSAS PARA FORMAÇÃO DA INICIATIVA DOS SERVIÇOS CENTRAIS, REGIONAIS OU DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS OU ESCOLA NÃO AGRUPADA A QUE O DOCENTE PERTENCE SÃO CONCEDIDAS PREFERENCIALMENTE NA COMPONENTE NÃO LECTIVA DO HORÁRIO DO DOCENTE.

2 — SEM PREJUÍZO DO DISPOSTO DO NÚMERO ANTERIOR, TAIS DISPENSAS SÃO CONCEDIDAS NA COMPONENTE LECTIVA DO HORÁRIO DO DOCENTE SEMPRE QUE AS REFERIDAS ACTIVIDADES DE FORMAÇÃO NÃO POSSAM, COMPROVADAMENTE, REALIZAR -SE NA COMPONENTE NÃO LECTIVA.

3 — A FORMAÇÃO PREVISTA NO PRESENTE ARTIGO SÓ PODE SER AUTORIZADA DESDE QUE O AGRUPAMENTO DE ESCOLAS OU ESCOLA NÃO AGRUPADA ASSEGURE A LECCIONAÇÃO DAS AULAS CONSTANTES DA COMPONENTE LECTIVA DO DOCENTE EM CAUSA.

ARTIGO 3.º
FORMAÇÃO DE INICIATIVA DO DOCENTE

1 — AS DISPENSAS PARA FORMAÇÃO DA INICIATIVA DO DOCENTE SÃO AUTORIZADAS APENAS DURANTE OS PERÍODOS DE INTERRUPÇÃO DA ACTIVIDADE LECTIVA.

2 — A FORMAÇÃO A QUE SE REFERE O PRESENTE ARTIGO PODE REALIZAR -SE NA COMPONENTE NÃO LECTIVA DO DOCENTE, QUANDO SEJA COMPROVADAMENTE INVIÁVEL OU INSUFICIENTE A UTILIZAÇÃO DAS INTERRUPÇÕES LECTIVAS.

3 — A FORMAÇÃO AUTORIZADA NOS TERMOS DO NÚMERO ANTERIOR PODE SER REALIZADA NAS SEGUINTES CONDIÇÕES: A) TRATANDO -SE DE EDUCADORES DE INFÂNCIA, SEM LIMITAÇÃO DE HORAS; B) TRATANDO -SE DE DOCENTES DOS 1.º, 2.º E 3.º CICLOS DO ENSINO BÁSICO E DO ENSINO SECUNDÁRIO, ATÉ AO LIMITE DE DEZ HORAS POR ANO ESCOLAR.
4 — A UTILIZAÇÃO DA COMPONENTE NÃO LECTIVA DO DOCENTE PARA A REALIZAÇÃO DA FORMAÇÃO REFERIDA NO ARTIGO 2.º NÃO PREJUDICA O USO DESSA MESMA COMPONENTE NOS TERMOS PREVISTOS NO NÚMERO ANTERIOR.

Analisemos rapidamente esta portaria em meia dúzia de pontos:

1) Em termos práticos, como é que uma Entidade Formadora poderá compatibilizar a componente não lectiva do horário dos diferentes docentes de uma determinada área curricular, que, em regra, são de agrupamentos diferentes?
Claro que não é possível! Obviamente, a benesse fica sem efeitos práticos.

2) O que é isto da FORMAÇÃO DE INICIATIVA DA ADMINISTRAÇÃO EDUCATIVA e FORMAÇÃO DE INICIATIVA DO DOCENTE?
Então o docente já pode ter iniciativa de formação?
A formação contínua, não é toda ela, da iniciativa de Entidades Formadoras creditadas? Então, se a iniciativa for da administração educativa as dispensas já podem ser «concedidas na componente lectiva do horário do docente sempre que as referidas actividades de formação não possam, comprovadamente, realizar -se na componente não lectiva»?
Porquê?

3) De que forma é que o docente comprova que «sempre que as referidas actividades de formação não possam, comprovadamente, realizar -se na componente não lectiva»?
É a entidade formadora é que tem que comprovar que não pode realizar a formação na componente não lectiva do professor x da escola y? Este comprovativo é a multiplicar por vinte formandos de diferentes escolas? E depois, multiplica-se estes vinte comprovativos por formandos por quinze ou vinte acções de formação?
Lá se vai mais uma benesse!

4) Todos sabemos que um agrupamento raramente tem número suficiente de docentes numa determinada área curricular (por exemplo, Educação Física) para organizar «actividades de formação que incidam sobre conteúdos de natureza científico-didáctica relacionadas com as áreas curriculares leccionadas». Por isso, terão que, imperativamente, recorrer a formação de Entidades Externas (por exemplo, Associações Profissionais ou Universidades).
Cá esta a «formação de iniciativa do docente». Malandrice…, porque a esmagadora oferta de formação nas áreas da especialidade são de estas instituições.
Esta benesse é simpática. Tem é que se «ver» sempre o outro lado do espelho!

5) A FORMAÇÃO DA INICIATIVA (…) DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS OU ESCOLA NÃO AGRUPADA não está condicionada ao Centro de Formação da Associação de Escolas (CFAE) a que pertence? E se os professores de um determinado agrupamento que teve uma determinada iniciativa de formação tiver o «azar» da sua proposta não ser acolhida pelo CFAE a que pertence? Lá terá que o Docente ir buscar formação da sua iniciativa….
Uma vez mais o legislador estava distraído com as benesses.

6) Como é que se faz com o «TRATANDO -SE DE DOCENTES DOS 1.º, 2.º E 3.º CICLOS DO ENSINO BÁSICO E DO ENSINO SECUNDÁRIO, ATÉ AO LIMITE DE DEZ HORAS POR ANO ESCOLAR.»? Todos sabemos que as acções de formação têm, no mínimo, quinze horas de formação (0,6 créditos nos cursos de formação) e que, na generalidade, têm vinte e cinco horas de formação (1 crédito nos cursos de formação).
O que se faz com dez horas de formação em termos de formação contínua?
Caramba! Mais uma benesse por água abaixo…

TUDO ISTO É TRISTE, TUDO ISTO É FADO…"

Carlos Fernando Borges de Matos Esculcas
Professor

quarta-feira, maio 21, 2008

E assim se combate o insucesso escolar

A Sociedade Portuguesa de Matemática classificou as provas de aferição da disciplina, de 230 mil alunos dos 4º e 6º anos, como "demasiado elementares" para o nível de escolaridade dos estudantes. Os enunciados contêm um "número exagerado de questões demasiado elementares". Assim, os resultados dos alunos poderima ser bastante piores se as provas fossem "mais exigentes". A Sociedade diz ainda que na prova do 4º ano duas questões não avaliam qualquer capacidade matemática, mas apenas a capacidade de comunicação, e no teste do 6º ano, "a possibilidade de utilizar a calculadora tira sentido a algumas questões, que deixam de exigir qualquer raciocínio matemático e reduzem-se a um mero carregar de teclas".

terça-feira, maio 20, 2008

CNE propõe fusão entre 1º e 2º ciclos

Tudo indica que a breve trecho, teremos a fusão do 1º e 2º ciclos - não nesta legislatura, mas se o Partido Socialista voltar a ser governo as escolas vão ter de arcar com mais uma experiência saída dessas cabeças luminosas que tutelam a educação. Esta hipótese já tinha sido lançada há uns meses, mas agora saiu reforçada com um “providencial” estudo do Conselho Nacional da Educação. O argumento invocado é o de que as criancinhas ficam traumatizadas com tantas disciplinas e tantos professores. Coitaditos. Se bem me recordo dos meus tempos de escola, não me lembro de ficar traumatizado com a transição entre estes dois níveis de ensino. Nem eu nem os meus colegas. O meu filho também nunca se queixou. Mas estes iluminados, de vez em quando, gostam de tirar uns coelhos da cartola. Seria interessante que nos dissessem qual o estudo ou estudos que fundamentam tais teorias. Isso eles não dizem, pela simples razão de que não existe nenhum. Aliás, todos sabemos que o que está por detrás de tudo isto é a habitual contenção de despesas. Mas como esta gentalha não pode assumir uma coisa dessas em público, atira-nos com uns pretensos estudos para sub-repticiamente poder poupar mais uns cobres. Neste caso, à custa de mais uns milhares de professores que serão colocados no desemprego. E o que fazem os professores perante toda esta bagunçada? Nada. Encolhem-se.

P.S. A CONFAP, como não podia deixar de ser, já veio a público dizer que está de acordo. Os habituais psicólogos da treta, também.

domingo, maio 18, 2008

A traição dos sindicatos teria que dar nisto

Como era de esperar as manifestações em Lisboa, Porto, Coimbra e Évora tiveram uma fraca adesão dos professores, fruto da desastrosa estratégia seguida pelos sindicatos. É inacreditável como os sindicatos não souberam gerir uma onda de contestação que parecia imparável. Por conveniência política mataram definitivamente um movimento de protesto como nunca se tinha visto na Educação. Estranha-se o silêncio de Mário Nogueira e seus pares. Sempre tão lesto a dar a cara quando as coisas correm de feição seria agora uma boa altura para voltar a aparecer. É que há tanta coisa por explicar.

sábado, maio 17, 2008

Razões que levariam muitos professores a mudar de profissão

Quase 44% dos professores não escolheriam a sua profissão hoje em dia, revela um estudo, hoje apresentado no Porto, realizado pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) a pedido da Associação Nacional de Professores (ANP).

Razões:
- Falta de reconhecimento social;
- Insatisfação face ao pouco apoio pedagógico que o Ministério da Educação lhes dá;
- Desinteresse dos alunos relativamente às aprendizagens escolares;
- Insatisfação quanto às políticas educativas do Ministério da Educação;
- Insatisfação quanto ao trabalho desenvolvido pelos sindicatos;
- Instabilidade causada pelos concursos profissionais.

sexta-feira, maio 16, 2008

Vamos tendo aquilo que merecemos

Seria interessante fazer-se um levantamento do número de escolas onde os professores estão a apresentar listas para o Conselho Geral Transitório. Por aquilo que vou percebendo, se não forem 100% não deve andar muito longe desse valor. Conclusão a retirar: passamos a vida a defender posições que depois não conseguimos assumir na prática; maior incoerência do que isto é difícil.

quarta-feira, maio 14, 2008

Pedido de explicações

Nas escolas vive-se um clima de grande acalmia e de indiferença pelo que se vai passando na Educação. É caso para perguntar se os professores ainda se recordam dos motivos que os levaram à grande manifestação de 8 de Março. Pelo que se vê fica-se com a ideia de que já ninguém se lembra ou então andam a fazer-se de esquecidos. O porquê deste aparente esquecimento é que convinha deslindar: cansaço? resignação? cobardia? desinteresse? comodismo? Responda quem souber.

segunda-feira, maio 12, 2008

Chumbar, é assim tão mau?

"Bem sei que o assunto está estafado, já estamos cansados de ouvir falar nele. O pior é se rapidamente não passamos a falar dele pelas boas razões, com orgulho e satisfação. O assunto é, mais uma vez, a educação.Ideologia do igualitarismo? Trabalhar para a estatística? Mas qual é afinal a razão porque a ministra da educação é contra os exames? Porque é que é contra o “chumbo”?Não creio que alguma coisa se resolva, se nada mais for feito pela qualidade do nosso ensino, com afirmações como esta recentemente proferida “Facilitismo é chumbar, rigor e exigência é fazer com que todos aprendam”. A ministra da educação considera que o chumbo é um “mecanismo retrógrado e antigo” e lembra que foi introduzido quando o sistema educativo se organizava para seleccionar e separar. Agora que o ensino é universal, que todos, embora desiguais, têm acesso à escola, todos têm que ser iguais lá dentro e à saída!?Quando olhamos para as taxas de insucesso registadas no País, quem o diz é a OCDE, não podemos deixar de concluir que a qualidade do ensino não é boa, que ao trabalho se sobrepõe o facilitismo, que aos hábitos de disciplina e exigência se sobrepõe o laxismo, que ao gosto de ensinar e aprender se sobrepõem a rotina e o entretimento e por aí fora!Segundo a OCDE (citado na imprensa “No More Failures”) a taxa de retenção/desistência no Básico foi de 10% – correspondente a 95.047 casos – enquanto que no Secundário a taxa ascendeu a 24,6%, ou seja, 53.587 estudantes. Números avassaladores, difíceis, é certo, de combater, mas que nos envergonham e que teimamos em não conseguir ultrapassar. Segundo o mesmo relatório, cada aluno (Básico e Secundário) custa 5.000 euros por ano. Feitas as contas a factura directa do insucesso escolar custa aos portugueses a módica quantia de 743 milhões de euros por ano. Se lhe juntarmos os "chumbos" que normalmente se sucedem à primeira experiência e os males associados – défice de qualificações, impreparação e ignorância, cidadãos com capacidade reduzida de gerar riqueza, incapacidade de recuperação e por aí fora - compreendemos que continuamos a comprometer o futuro. Os custos económicos e sociais são exponenciais!
Qualquer pessoa com um mínimo de inteligência e de bom senso compreende que os “chumbos” deveriam acabar porque prejudicam o presente e o futuro, mas que não devem esconder a falta de aproveitamento. Infelizmente há também muita gente que se habituou ao facilitismo e que fica muito contente quando houve os nossos responsáveis políticos fazerem a apologia de que o “chumbo” traumatiza os “meninos”, que prejudica a sua formação e desenvolvimento.Enfim, mais do que discursos, o importante mesmo são as políticas prosseguidas para elevar a qualidade do ensino, na qual se incluem os professores, os modelos de gestão e autonomia das escolas, os currículos, as técnicas de trabalho, de estudo e de provas de aproveitamento, os mecanismos de intervenção para ajuda e recuperação dos alunos que têm dificuldades, as alternativas de encaminhamento profissional, etc. "Chumbar" é um mal necessário e nas actuais circunstâncias, em que não é possível de um dia para o outro sermos a Finlândia, que os nossos governantes tanto gostam de citar, o melhor é mesmo fazer exames e só passa quem sabe!"

Margarida Corrêa de Aguiar

domingo, maio 11, 2008

"Os Empossados"

“Se queres conhecer o vilão, põe-lhe um volante na mão!”[Adágio popular]

"Alguns presidentes de conselho executivo — agora nomeados “directores” pela varinha de condão — estão a viver autênticos dias de plenitude profissional nunca antes experimentada. Pelos indícios externos, parece um estado de alma semelhante ao dos adolescentes que acabam de descobrir os segredos do sexo: uma certa lascívia no exercício constante da autoridade “patronal” está a manifestar-se num “quero, posso e desmando” que tem tanto de provinciano como de ridículo: parecem maestros de banda filarmónica, caminhando à frente da trupe, enquanto gesticulam abundantemente, de peito emproado como generais. Depois do 25 de Abril mais triste dos últimos trinta e quatro anos e do 1º de Maio mais sorumbático — e até com o seu quê de “retro”— parece que voltámos ao tempo do medo de falar e dos laconismos cínicos: “porque sim”; “porque eu decidi”; “porque tem de ser”; “estou apenas a cumprir ordens”. Mas… «não nos interroguemos sobre os nossos superiores, porque eles têm preocupações que nós nunca entenderemos», como já se dizia no tempo da senhora dona ditadura.
Alguns empossados, que nós, em tempos, elegemos, mas que hoje — sabendo o que sabemos — não elegeríamos de certeza, estão agora a saborear os aperitivos de um absolutismo que promete, um autoritarismo latente, que esperava apenas pela primeira oportunidade para desabrochar e eclodir. E aí está ele a rebentar, com este "Outono Socratista". Como aprendizes de feiticeiro com alguns truques de magia na varinha, eles estão a repetir os primeiros ensaios, testando a reacção dos seus subordinados, sentindo o prazer da obediência, a satisfação que pode proporcionar uma certa dose de arbitrariedade, o deleite com o medo que se instala. E medo é coisa que não falta aos professores deste país, acossados por todos os lados: toda uma sociedade, com a ministra da Educação e seus acólitos à cabeça, que demite os alunos e respectivos encarregados de educação das suas responsabilidades, atirando todo o ónus do nosso atraso sobre os professores, estigmatizando-os com o rótulo da preguiça e da incompetência. E medo é o que todos os docentes devem sentir com o sistema de avaliação, imposto com o único propósito de poupar dinheiro ao Estado: à custa daqueles que passarão sempre, nunca podendo passar da escolaridade mínima; à custa daqueles que passarão sempre os alunos, nunca atingindo o topo da carreira, nunca sendo respeitados — nem pela tutela, nem pelos alunos, que acabarão por culpá-los pelo seu fracasso, nem por esta casta de “colaboracionistas” , que se colaram como lapas a esta ministra de Educação coveira do ensino público, apoiando todas as suas reformas, mesmo aquelas que mais atentam contra a dignidade da classe docente. E alguns ousaram até ir muito mais além nesta devassa que é o sistema de avaliação: impondo prazos; fazendo aprovar documentos sem distribuição prévia para apreciação e eventuais correcções ou sugestões; ignorando lamentos e críticas dos seus subordinados (antigos colegas), a todos respondendo com um “já está aprovado e não se fala mais no assunto”; criando grelhas de observação e de registo de informação dignas dos “melhores” serviços secretos e a exigirem departamentos de contabilidade específicos — com T.O.C.’s e R.O.C.’s. Só não nos pedem a marca e o tamanho da roupa interior, pelo menos por enquanto! Enfim, estão a fazer o que fizeram alguns timorenses, quando foram invadidos pela Indonésia, o que fizeram alguns franceses quando foram ocupados pelas tropas nazis e o que fazem sempre todos os que têm roupas que podem ser vestidas do avesso: uns sentiram-se imediatamente indonésios, outros sentiram-se imediatamente alemães e outros sentiram-se imediatamente patrões dos colegas, determinados a extorquirem-lhes os “preciosos” números do “sucesso”. Embora eleitos pelos pares, já não os representam e nunca mais os vão representar. Transformaram-se na voz e nas garras deste regime “travesti”, de um diáfano e amaricado autoritarismo democrático, todo ele muito engomado, muito vincado e muito relativo, como convém.Vislumbro apenas um pequeno senão neste “novo alinhamento”: os professores não se espremem como laranjas e a educação não acontece quando os docentes passam os seus dias apenas na esperança de acordarem deste pesadelo. Actualmente, há cerca de 45 mil professores nos “corredores da morte”, à espera de uma fatídica entrada no ensino, e 200 mil a viverem os seus dias «na esperança de um só dia»: o da saída, como quem espera, numa prisão, pelo fim da pena, arquitectando diariamente uma possibilidade de evasão, ainda que remota ou apenas para manter alguma sanidade mental. Nestas condições, a Escola tornar-se-á o inferno de uns e o purgatório de outros: purgatório de carências, de frustrações, de insatisfação e infelicidade social, de uma revolta crescente. E o futuro julgará aqueles que agora, com conhecimento do terreno, não contestam, não se indignam e até colaboram, como cangalheiros, neste funeral de direitos, liberdades e garantias. O futuro julgará aqueles que são agora “directores” apenas porque foram eleitos para representaram aqueles que agora tiranizam, escudando-se no dever de obediência e no receio da acção disciplinar. A demissão nem sempre é um sinal de fraqueza, de fuga às responsabilidades! Por vezes, pelo contrário, é manifestação evidente de verticalidade e de grandeza de carácter! Por vezes, quando se quer de verdade, quando se ama verdadeiramente o que se faz, é a última arma contra a prepotência e contra o aviltamento, a última bandeira da nossa dignidade!

Sei que muitos pensam como eu, mas quantos terão coragem de se juntar a este grito de indignação?"

Luís Costa

sábado, maio 10, 2008

A propósito das retenções

Henrique Raposo
Expresso

Grand Avenue - She

Vale a pena ouvir este grupo dinamarquês. Esta é a música principal do filme "Cashback" que estreou esta semana em Portugal e que, já agora, também merece ser visto.

sexta-feira, maio 09, 2008

Sem o recurso à cassete tudo se torna mais complicado

Maria de Lurdes Rodrigues, recusou ontem comentar as notícias sobre o documento interno do Ministério que tutela, que dá conta da existência de cobertura com amianto em 59% das escolas do País preferindo dizer que "felizmente que o mundo das escolas é melhor do que os títulos dos jornais e não se reduz a eles".
Resposta sintomática de uma ministra que resolve chutar para canto sempre que é solicitada a falar sobre assuntos que lhe possam causar embaraço. Habituada a debitar a mesma cassete vezes sem conta, fica em manifesto sobressalto cada vez que a obrigam a fugir ao discurso rotineiro. Seja como for, a verdade é que a senhora continua em alta, ainda que não se entenda muito bem como tal é possivel. Se calhar é porque estamos em Portugal e neste país tudo é admissível.

quinta-feira, maio 08, 2008

Onde está a coerência?

Um dos motivos que levou 100.000 professores a manifestarem-se em Lisboa teve a ver com a contestação ao novo modelo de gestão escolar. Não deixa por isso de ser estranho que, dois meses volvidos, haja uma corrida desenfreada aos lugares disponíveis no Conselho Geral Transitório. Na minha escola há muito boa gente a colocar-se em bicos dos pés para ser colocado nas listas, havendo até quem faça birra por não ter sido um dos escolhidos. Alguns destes colegas justificam a sua candidatura com o argumento estafado de que se não forem eles, obviamente os mais capacitados, os incompetentes poderão tomar de assalto o Conselho Geral, algo que, segundo os próprios, se deve evitar a todo o custo. Confesso que sempre tive um ódiozinho de estimação por estes auto-proclamados salvadores da Pátria que sempre se pelaram por um qualquer lugarzeco na escada do poder, e quando essa oportunidade surge no horizonte são por norma os primeiros a chegarem-se à linha da frente. Os motivos, segundo eles, são os mais nobres: a defesa dos interesses da Escola pelos quais são capazes de fazer os maiores sacrifícios. Este espírito altruísta sempre me suscitou grande desconfiança. Vá lá saber-se porquê!

quarta-feira, maio 07, 2008

Maria de Lurdes ganha em toda a linha

A ministra vive um momento de ouro. O seu semblante não engana. Vê-se que a senhora anda satisfeita da vida, pois sabe que a voz dos professores, os sindicatos, estão agarrados a um patético acordo que os deixa de pés e mãos atados, com pouco poder de intervenção nos tempos mais próximos, o que lhe dá a oportunidade de, face à inexistência de um contraditório capaz, poder manobrar a opinião pública a seu bel-prazer através de uma propaganda mentirosa mas plena de eficácia.
Nas escolas assiste-se a tudo isto de braços caídos. O panorama é desolador. Os professores estão resignados à sua sorte e vive-se um clima do salve-se quem puder. A motivação para o protesto perdeu-se e cada professor individualmente tenta adaptar-se da melhor forma ao terramoto que aí vem. A contestação deu lugar a um silêncio ensurdecedor. E com este adormecimento, as justíssimas razões que assistem aos professores nunca serão entendidas.

terça-feira, maio 06, 2008

Maria de Lurdes na TVI

Com entrevistadoras como esta, tensas e mal preparadas, a ministra da educação bem pode dormir descansada. De resto, Maria de Lurdes trouxe-nos o discurso habitual com apenas uma novidade: deixou no ar a possibilidade de num futuro próximo ser decretado o fim das retenções. Por mim pode ser já amanhã.

domingo, maio 04, 2008

Acções de formação gratuitas ou pagas pelos professores?

Uma situação que os sindicatos deviam esclarecer com urgência, é se os professores são obrigados a pagar a sua formação. Sabemos que os professores são obrigados a frequentar, com aproveitamento, acções de formação contínua para serem avaliados positivamente. Sabemos também que se forem classificados negativamente, designadamente por não terem frequentado as acções a que estão obrigados, serão excluídos da carreira. O que não nos dizem é se somos obrigados a pagar a nossa formação.
É de todo incompreensível e injusto que a maioria de nós ande a frequentar acções de formação a expensas próprias. Já não bastava que as tivéssemos que frequentar em horário pós-laboral e em fins-de-semana (como somos considerados um bando de privilegiados a tutela decidiu que temos que sacrificar a família e os nossos tempos livres), ainda somos obrigados a recorrer às nossas economias para sustentar um plano de formação que caberia ao Ministério da Educação financiar. Esta é, sem dúvida, uma boa matéria para os sindicatos se debruçarem

sábado, maio 03, 2008

One Republic feat Timbaland - Apologize

Mário Nogueira responde a Fernando Madrinha a propósito do "entendimento"

Nota - Ao ler Mário Nogueira, fico atónito com a quantidade de benefícios que o entendimento trouxe aos professores. Este senhor merece um rasgado elogio pelo acordo alcançado. Aliás, pelo que vamos ouvindo da boca da maioria dos professores, a satisfação é geral. As recentes manifestações foram prova disso mesmo, tão elevada que foi a participação dos docentes.
Agora a sério. Um dos nossos grandes erros tem sido acreditar em demasia nos sindicatos. Damos-lhes excessiva importância. E para piorar o cenário, teimamos em fazê-los sentir que são imprescindíveis e incontornáveis. Não admira que acumulemos desilusões.

quinta-feira, maio 01, 2008

O fim das reprovações

Depois de garantido o "entendimento", a ministra da educação anda muito atarefada, desdobrando-se em intervenções sobre tudo e sobre nada, mas sempre com um objectivo presente: diabolizar os professores aos olhos da opinião pública, acusando-os de todos os males que pairam no sistema de ensino. A estratégia é sobejamente conhecida e mete nojo pela forma recorrente como é utilizada.
Nos últimos dias, tem andado numa autêntica cruzada contra os "chumbos": que as reprovações só prejudicam os alunos; que nos outros países não se verificam tão altas taxas de retenção; que o objectivo actual é proporcionar a todos os alunos, sem excepção, a escolaridade básica de nove anos e as reprovações colidem com este objectivo, blá, blá, blá, blá...E repete este discurso até à exaustão.
Como esta senhora tem sempre segundas intenções naquilo que diz, quer-me parecer que ela anda a apalpar terreno com a clara intenção de decretar o fim das reprovações até ao 9ºano. Por muito absurda que possa parecer a implementação de uma medida desta natureza, Maria de Lurdes e seus pares, têm-nos dado provas mais do que suficientes de que com eles tudo é possível. No caso concreto, basta um sinal positivo da comunicação social e de uns quantos analistas encartados e a coisa avança sem espinhas. Não acreditam? Esperem e verão.