"Na semana passada decorreu em Lisboa uma Conferência em que foi orador o Professor Luís Cabral – economista, professor da Universidade de Nova Iorque, reputado especialista em concorrência – que dedicou a sua intervenção ao estado da Educação em Portugal. A intervenção que realizou foi muitíssimo interessante porque, embora a educação não esteja de boa saúde, o que todos já sabemos e que muitos não se cansam de relembrar, o Professor foi cirúrgico no desenvolvimento que apresentou e, fugindo à crítica fácil, preocupou-se em defender princípios e caminhos e em demonstrar as suas virtudes.
Dou comigo muitas vezes a pensar porque é que estamos sempre a criticar, a não acreditar, a apontar o dedo às coisas negativas, a desconfiar dos objectivos das políticas de educação ou a desqualificar as correspondentes decisões políticas?
A explicação parece em estar em não nos conformarmos com o estado a que as coisas chegaram e não vislumbrarmos como é que será possível inverter um trajecto acumulado de sucessivas reformas falhadas se não formos capazes de corrigir as fundações em que assentam os princípios considerados fundamentais para que haja mudança. Princípios muito simples, mas talvez por isso mesmo complexos de aceitar!
Destaco algumas reflexões do Professor Luís Cabral que considero certeiras, para melhor entendermos que não é nivelando por baixo o nível do ensino (desculpem a redundância) que resolvemos o défice de exigência de que sofremos. Enquanto não apostarmos numa cultura de mérito continuaremos a enfrentar dificuldades em progredir.
Aqui vão alguns apontamentos:
- O pior problema com a educação em Portugal não é tanto a qualidade ou a quantidade de recursos disponíveis, mas sim a sua má gestão. E isto acontece porque não existe uma cultura de mérito.
- São dois os factores para o défice de meritocracia: por um lado, falta uma cultura de exigência e, por outro lado, há uma falaciosa noção de solidariedade. A condicionar a necessária transformação cultural está uma ideia errada de solidariedade baseada no nivelamento de escolas e alunos.
- Não faz sentido nivelar tudo. O nivelamento é sempre feito por baixo e a verdade é que há pessoas diferentes, com capacidade e perfis diferentes que devem ser reconhecidos.
- Um sistema muito exigente provocará evidentes distinções entre escolas e alunos, comportando um risco de exclusão social. Devem existir mecanismos que combatam a exclusão dos que dela são excluídos pela meritocracia. Aí o papel fundamental vai para o apoio familiar aos alunos e para o apoio dado às famílias mais necessitadas.
- Para melhorar o ensimo é preciso: mais concorrência entre escolas públicas. Concorrência com um critério primordial de avaliação: a meritocracia.
Enfim, o que foi mencionado relativamente à Educação é aplicável a muitos outros sectores em Portugal. O País precisa de se qualificar e a Educação desempenha um papel insubstituível. Sabemos muito bem, e hoje sofremos por causa disso, que na Educação não se podem reparar os erros do passado, nem os erros de hoje.
"Não se indemniza uma criança que não teve educação adequada, pois perdeu-a para sempre. Essa é a tragédia dos maus resultados", citando Fernando Adão da Fonseca".
Dou comigo muitas vezes a pensar porque é que estamos sempre a criticar, a não acreditar, a apontar o dedo às coisas negativas, a desconfiar dos objectivos das políticas de educação ou a desqualificar as correspondentes decisões políticas?
A explicação parece em estar em não nos conformarmos com o estado a que as coisas chegaram e não vislumbrarmos como é que será possível inverter um trajecto acumulado de sucessivas reformas falhadas se não formos capazes de corrigir as fundações em que assentam os princípios considerados fundamentais para que haja mudança. Princípios muito simples, mas talvez por isso mesmo complexos de aceitar!
Destaco algumas reflexões do Professor Luís Cabral que considero certeiras, para melhor entendermos que não é nivelando por baixo o nível do ensino (desculpem a redundância) que resolvemos o défice de exigência de que sofremos. Enquanto não apostarmos numa cultura de mérito continuaremos a enfrentar dificuldades em progredir.
Aqui vão alguns apontamentos:
- O pior problema com a educação em Portugal não é tanto a qualidade ou a quantidade de recursos disponíveis, mas sim a sua má gestão. E isto acontece porque não existe uma cultura de mérito.
- São dois os factores para o défice de meritocracia: por um lado, falta uma cultura de exigência e, por outro lado, há uma falaciosa noção de solidariedade. A condicionar a necessária transformação cultural está uma ideia errada de solidariedade baseada no nivelamento de escolas e alunos.
- Não faz sentido nivelar tudo. O nivelamento é sempre feito por baixo e a verdade é que há pessoas diferentes, com capacidade e perfis diferentes que devem ser reconhecidos.
- Um sistema muito exigente provocará evidentes distinções entre escolas e alunos, comportando um risco de exclusão social. Devem existir mecanismos que combatam a exclusão dos que dela são excluídos pela meritocracia. Aí o papel fundamental vai para o apoio familiar aos alunos e para o apoio dado às famílias mais necessitadas.
- Para melhorar o ensimo é preciso: mais concorrência entre escolas públicas. Concorrência com um critério primordial de avaliação: a meritocracia.
Enfim, o que foi mencionado relativamente à Educação é aplicável a muitos outros sectores em Portugal. O País precisa de se qualificar e a Educação desempenha um papel insubstituível. Sabemos muito bem, e hoje sofremos por causa disso, que na Educação não se podem reparar os erros do passado, nem os erros de hoje.
"Não se indemniza uma criança que não teve educação adequada, pois perdeu-a para sempre. Essa é a tragédia dos maus resultados", citando Fernando Adão da Fonseca".
Margarida Corrêa de Aguiar